Muitas vitórias de Ayrton Senna são lembradas pela velocidade, pela técnica e garra do piloto brasileiro. Mas, além de ter o talento fora de série, Senna também era um grande estrategista nas corridas. O tricampeão mundial de F1 sempre demonstrou muita inteligência na hora de analisar os dados dos carros e usava isso ao seu favor na hora de buscar novas vitórias.

Em 21 de junho de 1987, Ayrton Senna venceu o GP de Detroit com a icônica Lotus amarela. Confira um fato inusitado dessa prova e uma lista especial de corridas em que Senna venceu no braço e na estratégia.

Vitória sem pit-stop

Após sua primeira vitória em Detroit no ano anterior, Senna fez mais uma vez a festa nas ruas do circuito americano, desta vez com a Lotus amarela. O brasileiro largou em segundo e seguiu Nigel Mansell (Williams) por 33 voltas. Quando o inglês parou para a troca de pneus, Senna assumiu a liderança para não mais perdê-la.

Em uma aposta arriscada, cuidou bem de seus pneus e aproveitou a suspensão ativa da Lotus para não desgastar muito seu equipamento. Todos os outros pilotos que pontuaram – na época eram somente os seis primeiros – fizeram no mínimo uma parada nos boxes.

Vitória com apenas com a sexta marcha em Interlagos

A primeira vitória de Senna no GP do Brasil foi sofrida e aconteceu de maneira heroica em 1991. O brasileiro liderava com grande vantagem na parte final da prova e começou a ter problemas na caixa de câmbio de sua McLaren. Com a diferença de 36 segundos para Riccardo Patrese diminuindo a cada volta, Ayrton lutou pela vitória nas últimas voltas apenas com a sexta marcha.

Nas últimas duas voltas, uma chuva começou a cair em Interlagos, freando a reação de Patrese e beneficiando Senna, que levou a McLaren no braço até o final da prova para triunfar de ponta a ponta.

Completamente exausto após quebrar o jejum de nunca ter vencido no Brasil, Senna subiu no pódio em Interlagos com a bandeira brasileira para a imensa festa da torcida e sequer conseguia levantar o troféu devido aos espasmos musculares. Mesmo assim, o piloto fez questão de participar do pódio para comemorar com todos os brasileiros.

Vitória com volta mais rápida por dentro do box

Uma das vitórias mais emblemáticas de Senna na Fórmula 1 aconteceu em Donington Park, no GP da Europa de 1993. Além de ter realizado uma primeira volta mais do que perfeita, ultrapassando quatro carros sob chuva naquela que é considerada a melhor volta de todos os tempos da F1, o brasileiro também fez a volta mais rápida da prova contando com uma estratégia curiosa.

Com a corrida em suas mãos e uma grande vantagem para os rivais, Ayrton cravou a volta mais rápida da corrida passando por dentro do box. Campeão de Fórmula Ford e da Fórmula 3 com triunfos em Donington, Senna conhecia o circuito como poucos e sabia que por dentro do box a volta seria mais curta e mais rápida, já que na época não existia limitador de velocidade nos boxes.

A história somente ficou conhecida dias depois. Nem mesmo a própria McLaren sabia da estratégia de Ayrton, já que os mecânicos não estavam preparados para um eventual pit-stop do piloto brasileiro.

Vitória com pneus macios de um lado e duros do outro

Em 1991, Ayrton Senna venceu as quatro primeiras corridas da temporada, um início avassalador no ano em que foi tricampeão mundial de F1. Após uma recuperação de Nigel Mansell no campeonato, o GP da Hungria seria mais um embate entre os candidatos ao título daquele ano.

Senna largou na pole position no domingo e superou as adversidades de motor que havia tido nas últimas duas provas (Inglaterra e Alemanha). O piloto da McLaren também construiu a vitória com a preparação de uma estratégia inteligente na escolha dos pneus: levou em conta que a maioria das curvas do circuito é tomada à direita e fez um jogo misto, com duros na esquerda e macios na direita.

”Eu sabia que no início seria difícil, mas, se conseguisse me segurar, da metade para a frente a escolha dos pneus poderia compensar a desvantagem técnica em relação às Williams”, explicou Senna após vencer a prova.