Desde a vitória no Grande Prêmio do Brasil não se via Ayrton Senna tão motivado, dentro e fora do carro, como em Suzuka. Em um ano repleto de dificuldades, o brasileiro era o único piloto que havia conseguido desbancar a Williams em três provas históricas na temporada 1993: Interlagos, Donington Park e Mônaco.
Nove pontos atrás de Damon Hill (62 a 53), seu futuro companheiro na Williams, Senna ainda acreditava que poderia chegar ao vice-campeonato. O brasileiro já havia fechado contrato com a equipe rival, mas nem por isso deixou o profissionalismo de lado. Queria voltar a largar na primeira fila, coisa que não acontecia desde o primeiro GP da temporada, na África do Sul.
Esta era a última vez que Senna correria um GP em Suzuka defendendo a McLaren, equipe pela qual conquistou três poles position (88, 89 e 90), uma vitória (88), dois segundos lugares (87 e 91), duas melhores voltas (88 e 91) e, o mais inesquecível, onde também decidiu seus três títulos mundiais (88, 90 e 91).
“Correr no Japão é sempre uma grande emoção para mim, já que os japoneses me dedicam um carinho muito especial, torcendo muito e acompanhando todos os meus passos desde a minha chegada à Suzuka”, disse Ayrton antes dos treinos livres à imprensa.
Mesmo com motor inferior ao Renault de Alain Prost e Damon Hill, Ayrton conquistou a segunda colocação no grid de largada. O francês, que já era campeão da temporada e havia anunciado novamente sua aposentadoria, fez a pole com 1min37s154, apenas 0s130 à frente do brasileiro.
A segunda fila tinha Mika Hakkinen, companheiro de Ayrton na McLaren, e Michael Schumacher, com a Benetton. Hill foi apenas o sexto no classificatório, atrás de Gerhard Berger (Ferrari).
Fora de sua McLaren, Senna confessou:
Na corrida, viu-se o mesmo Ayrton Senna das grandes conquistas. Assumiu a liderança numa bela disputa com o francês, logo na primeira curva, para delírio do apaixonado público japonês. O brasileiro ficou com a primeira posição até a 13ª passagem pela reta principal, quando a equipe McLaren decidiu fazer a primeira troca de pneus.
Prost assumiu a ponta e rodou mais sete voltas, quando começou a chover forte em Suzuka. O brasileiro então deu um show no molhado com pneus para pista seca. Tirou a desvantagem de 15 segundos para o francês, que ainda não havia parado. Quando ambos trocaram pneus (colocando os de chuva), Senna voltou na frente, mesmo com um pit stop a mais.
Ainda no início da prova, antes mesmo das paradas, Schumacher cometeu um erro que o tirou da disputa. O alemão bateu em Hill na chicane que traz para a reta principal de Suzuka, e teve sua suspensão quebrada. O britânico conseguiu continuar na disputa.
Na sequência, Ayrton começou a abrir boa vantagem: 23s de vantagem para Alain Prost, e o piloto da Williams começou a ser pressionado por Mika Hakkinen.
“Os carros (de retardatários) quebraram e saíram da pista na minha frente algumas vezes. Tive de tirar o meu carro da pista na chicane para evitar uma colisão com o Patrese, que havia destruído o seu carro. O Brundle perdeu uma roda na minha frente e também uma parte do carro dele atingiu o meu aerofólio esquerdo dianteiro. Foi uma corrida bastante agitada”, disse Ayrton aos jornalistas.
O brasileiro ainda discordou da postura de Eddie Irvine. O irlandês fazia sua estreia justamente no GP do Japão e havia fechado alguns rivais durante a prova, mesmo quando estava uma volta atrás dos líderes.
Após o término da chuva, a partir da volta 35, o sol voltou a aparecer em Suzuka, mas nem assim Prost conseguiu buscar o piloto da McLaren. Depois de mais uma troca para voltarem aos pneus de pista seca, a diferença entre os líderes pouco se modificou. Apenas o francês conseguiu abrir uma vantagem para Hakkinen. O finlandês conquistava ali seu primeiro pódio na carreira.
Ao fim das 53 voltas, lá estavam, novamente no pódio, os dois grandes rivais. O vencedor Ayrton Senna e Alain Prost, com sua faixa de tetracampeão carimbada. Ao sair do carro, Ayrton não esqueceu de cumprimentar Rubens Barrichello pelos primeiros pontos na Fórmula 1. A revelação do País finalizou a prova em quinto lugar com a Jordan, um excelente resultado para o jovem estreante.
O triunfo de Ayrton em Suzuka ainda teve duas marcas especiais: era a 40ª vitória dele na Fórmula 1 e a de número 103 da McLaren na história da categoria. A equipe inglesa igualava os mesmos números da Ferrari, maior vencedora até então.
A última corrida da temporada estava marcada para as ruas de Adelaide (Austrália), em duas semanas. A prova decidiria o vice-campeão da temporada 1993. Com o resultado no Japão, Ayrton conseguiu diminuir a vantagem de Hill para apenas dois pontos (65 a 63).
Resumo da Corrida
- 1 A. Prost
- 2 Ayrton Senna
- 3 M. Hakkinen
- 4 M. Schumacher
- 5 G. Berger
- 6 D. Hill
- 7 D. Warwick
- 8 E. Irvine
- 9 A. Suzuki
- 10 R. Patrese
- 11 J. Lehto
- 12 R. Barrichello
- 13 U. Katayama
- 14 J. Alesi
- 15 M. Brundle
- 16 K. Wendlinger
- 17 M. Blundell
- 18 A. de Cesaris
- 19 J. Herbert
- 20 P. Lamy
- 21 E. Comas
- 22 P. Martini
- 23 J. Gounon
Voltas | 53 |
Tempo | Nublado |
Volta mais rápida | A. Prost - 1´41´´176 |
Podium | 1º Ayrton Senna 2º A. Prost 3º 3º M. Hakkinen |
Carros | 24 |
Abandonos | 10 |
Senna na corrida
Posição de largada | 2 |
Posição final | 1 |
Melhor volta | 1’43’’217 |
Pontos somados para o Campeonato | 10 |
Posição no Campeonato após a prova | 3 |

