O Grande Prêmio da Áustria de 1985 contou com uma das performances mais impressionantes de Ayrton Senna na história da F-1. O piloto brasileiro largou da 14ª posição com a Lotus e terminou a corrida em 2º lugar na prova.

Em um vídeo raro na Internet, Ayrton Senna comentou os melhores momentos dessa corrida e fez uma análise assistindo as imagens da televisão. São seis minutos do piloto brasileiro falando sobre os acontecimentos do GP disputado nos arredores da pequena e bucólica cidade de Spielberg. O brasileiro avaliou o comportamento do seu carro e também o rendimento de seus adversários na traiçoeira pista de Österreichring.  (áudio em inglês – legenda completa logo abaixo do vídeo)

Narrador: Prost e Mansell na primeira fila, com Lauda e Rosberg na segunda fila. Você teria que ir até a sétima fila para encontrar Ayrton Senna.

Ayrton Senna:

“A Áustria foi a minha pior posição no grid. Eu estava em 14º. Houve um grande acidente na largada. Vários carros ficaram parados. A Ferrari bateu na traseira de Elio. Fabi também não se mexeu. E Berger também não conseguiu largar. Eu consegui fugir do acidente, mas os organizadores pararam a corrida no fim da primeira volta, sem nenhum motivo, porque a pista estava limpa. Ela estava basicamente limpa. Eles podiam ter continuado a corrida e limpado direito na volta seguinte. Mas, enfim, a corrida foi parada, como você pode ver aí, com as bandeiras vermelhas – as bandeiras vermelhas e as amarelas. E houve uma segunda largada. De Angelis pegou o carro reserva, assim como a Ferrari e a Arrows. E tivemos a segunda largada. Eu acho a largada na Áustria difícil. A largada é sempre complicada. Keke teve uma ótima largada e pulou para o segundo lugar. Eu estava bem no meio do pelotão, ali. Aí, vemos Keke botando muita pressão sobre Prost no começo da corrida. Mas as McLarens estavam tão fortes nesta etapa que era impossível alcançá-las”.

“Foi uma corrida muito dura para o equipamento, então muitos carros abandonaram ao longo do evento. O principal era manter um ritmo forte e saudável, mas sem exagerar. Senão, o motor ou alguma outra coisa iria falhar. Então, eu mantive a minha posição por várias voltas, esperando a situação se definir. Aqui, vemos Rosberg desacelerando devido a um problema de motor. Então, o Lauda, que estava em terceiro, passou para o segundo lugar, atrás do Prost. As McLarens estavam se separando totalmente dos demais. Houve uma boa briga entre Piquet, Elio e Mansell. Depois, vinham Fabi, Warwick e eu”.

“Agora, vemos o De Cesaris sofrendo um pequeno acidente. O carro sofreu apenas danos leves. Felizmente, ele escapou ileso, depois de um acidente tão grave. Um dos motivos porque ele capotou tantas vezes foi que, na noite anterior, choveu muito. E fora do asfalto, na grama, o piso estava muito macio, com muita água. Então, assim que ele saiu da pista, do asfalto, o carro começou a saltar. E ele capotou quatro ou cinco vezes. Foi um acidente enorme.  Ele teve sorte em escapar ileso. Vendo pela TV, sem dúvida é empolgante. Mas para o piloto, nem tanto, com certeza”.

“Logo depois, o Prost trocou os pneus. Foi um excelente pit-stop. A equipe fez um ótimo trabalho, na troca. E o Prost andou muito forte desde a luz verde (largada) até a bandeira quadriculada. Então, muitos carros começaram a abandonar. O mais importante era escapar dos acidentes e manter um ritmo forte. O Mansell parou com problemas no motor, e o Piquet na sequência – acho que com problemas no exaustor. Então, eu fiquei em terceiro, na corrida”.

“Mas aí saiu fumaça do motor do Lauda e ele também parou com problemas de motor. Automaticamente, eu me vi em segundo lugar”.

“Àquela altura, o Prost era inalcançável. Então, eu não podia fazer nada a respeito. Mas a Ferrari estava me pressionando, logo trás. Alboreto estava vindo com tudo, então eu tive que forçar um pouco para manter o ritmo e garantir o meu segundo lugar no fim da corrida. Mas foi muito bom terminar, depois de várias corridas sem terminar”.

“Aqui, na curva em quarta marcha, na subida, o motor do Tambay explodiu e ele rodou no próprio óleo. Mas não houve acidente”.

“Como eu ia dizendo, foi bom terminar outro GP. Depois de Portugal, eu não tinha terminado mais nenhum GP. Foi a segunda vez em que terminei uma corrida no ano e cheguei no pódio de novo. O Prost chegou em primeiro e eu consegui terminar em segundo com uma Ferrari vindo forte, logo atrás – com o Alboreto ainda em terceiro. Depois, obviamente, nós curtimos o pódio, fazendo a festa com o champanhe. Lindo troféu para o Prost. Havia muitos italianos lá, torcendo pela Ferrari. E o Prost venceu”.

“Agora, você vê a gente se divertindo com o champanhe, especialmente com o cinegrafista, em alguns segundos. Para ele provar um pouquinho”, encerra Senna.